Code: Suponho que Alice ainda fará muitas coisas para se vingar de mim por não procurá-la por tanto anos, mas por enquanto ela me pediu para responder qualquer pergunta que você tiver sobre vampiros e tudo o mais. Estarei me embebedando enquanto fazemos isso, se você concordar.
Jeremy: Eu tenho mesmo a opção de não concordar?
Code: Não.
Code já havia escolhido uma garrafa de uísque da prateleira de Dean, e serviu meio copo antes de sentar-se novamente em sua cadeira. Tomando um gole, ele levantou seu copo na direção de Jeremy, sinalizando para que ele começasse a perguntar.
Jeremy: Como imaginei. Bom, começando do começo. Vocês realmente queimam sob o sol?
Code: Queimávamos, muitos anos atrás. Mas com o passar das eras, nós evoluímos e nos adaptamos, como toda coisa viva faz. Apesar que não somos exatamente coisas vivas, mas... Ah, enfim. Você entende o que quero dizer. Hoje em dia, nossa pele não irá queimar e cair de nossos ossos se ficarmos sob o sol, mas podemos exaurir nossas forças mais rápido durante o dia do que durante a noite, e ainda preferimos as sombras de qualquer forma.
Jeremy: E até hoje vocês precisam beber sangue para viver?
Code: Sim.
Jeremy: Sangue humano?
Code: Sim.
Jeremy: Outros animais, ou criaturas, ou qualquer coisa, não seriam uma opção? Essa necessidade não poderia evoluir também?
Code: Não. Sangue de lobisomem fede, sangue de bruxa é ácido... São variáveis demais. Humanos são a melhor e única opção. Sobre "evoluir", não vejo isso acontecendo num futuro próximo e previsível.
Code gesticulou para posicionar as aspas em sua frase, e parecia estar muito contente com sua escolha de palavras para aquela resposta.
Jeremy: Então vocês são assassinos, no fim.
Code soltou um breve riso de escárnio, tomando mais um gole.
Jeremy: E vocês ainda conseguem dormir a noite.
Code: Não precisamos realmente dormir, sabe. Não estamos vivos, não precisamos das coisas que vocês precisam...
Jeremy: Não foi isso que eu quis dizer.
Code: Eu sei o que você quis dizer.
Jeremy encarou-o com uma expressão de desaprovação. O vampiro bebeu o que restava em seu copo, virando os olhos diante da expressão de Jeremy.
Code: Você está tentando fazer com que eu me sinta mal sobre isso? Por favor, novato, pense direito. É uma questão de sobrevivência, tá bom? Somos predadores. É assim que as coisas são. Nunca me sentirei mal pela minha própria natureza. Se fôssemos falar sobre coisas nesse nível, na verdade, poderíamos até dizer que vampiros nem sentem coisa alguma.

Jeremy: Vocês sangram?
Code: Nosso sangue são cinzas.
Jeremy: Você disse que não precisam dormir, mas também disse que suas forças podem se exaurir. E, também, vocês não têm a necessidade de comer outras coisas além de consumir sangue?
Code: Nossos corpos sentem o peso de nossas atividades, didaticamente falando. E podemos comer sim, assim com você, mas o consumo de sangue é o que realmente nos dá energia e poder. O que quero dizer é que não temos uma real "necessidade" dessas coisas, mas podemos "fazê-las", entende.
Jeremy: Não acho que eu consiga compreender o conceito de vocês não estarem vivos. Quero dizer, vocês andam por aí, e aparentam ter sangue fluindo, vocês têm corpos saudáveis, e tudo o mais. Vocês são pálidos para um caralho, claro, mas eu não consigo...
Code: Isso é completamente compreensível, novato. É complicado explicar como funciona. Mas o fato é: nós somos criaturas mortas.
Jeremy ficou em silêncio, e Code usou desta oportunidade para servir mais uísque. Cruzando os braços e posicionando uma mão no queixo, Jeremy parecia estar pensando com mais cuidado sobre sua próxima pergunta.
Jeremy: Como se mata um vampiro?
Code: Ah, novato.
Com um sorriso, Code gentilmente apoiou seu copo de uísque sobre a mesa e se levantou. Procurando no bolso de seu casaco, ele pegou uma adaga prateada e casualmente cortou a própria garganta de orelha a orelha. O queixo de Jeremy caiu, horrorizado, ao que ele viu algo como uma névoa rodeando o pescoço de Code, aparentemente vindo de dentro de sua garganta, e ele imaginou que isso fosse o que Code quis dizer com "cinzas". Jeremy piscou, e Code se fora. Ele inclinou-se para frente, com a intenção de olhar em volta e procurar, mas seus movimentos foram repentinamente restringidos. Uma estranha sensação paralisante tomou conta dele, como se o ar que ele acabara de respirar para dentro de seus pulmões tivesse congelado no meio da passagem por sua garganta. Ele agarrou os braços da cadeira, se sentindo tonto, e sua visão começou a escurecer. Antes de perder a consciência, Jeremy vislumbrou Code brevemente, com sua cabeça perfeitamente presa ao pescoço sem um só corte, reaparecendo muito perto dele com um sorriso largo, exibindo uma coleção de dentes afiados, seus olhos num tom intenso de vermelho-escuro.
Code: Não se mata.
~CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO~
Ah, não vou contar essa história numa ordem exatamente cronológica, tá. Nunca a contei assim.
E também de certa forma acho que ela daria certo como um webgibi (como diz o @MongeHan), mas não sei desenhar.