Fábia saiu do vestiário passando os dedos pelos cabelos ainda molhados, dando a volta na arquibancada e descendo o corredor paralelo a ela em direção à saída do ginásio.
Marc: Você vem sempre aqui?
Marc estava sentado nos primeiros níveis da arquibancada, próximo à seção do ginásio onde ficavam os equipamentos de ginástica, amarrando os tênis cuidadosamente, suas muletas deitadas na arquibancada ao seu lado.
Fábia: Não, só de vez em quando.
Marc: Juro que isso não foi uma cantada.
Fábia: Eu sei!
Sorrindo, Marc colocou-se de pé e pegou as muletas, ao que Fábia, também sorrindo, estendeu uma mão para ajudá-lo a descer da arquibancada.
Fábia: E o que você faz aqui?
Marc: Uma amiga minha faz fisioterapia, eu tenho um pé quebrado, ela tem horas de clínica pra fazer...
Fábia: E seu pé está melhor?
Marc: Bastante. Acho que não vou precisar de um novo.
Fábia: De um novo senso de humor, talvez.
Marc: E um livro de cantadas.
Fábia: Não, disso você não precisa.
Marc: Já tenho um pé quebrado, né. Posso usar isso como desculpa...
Fábia: ...para chamar a atenção das fisioterapeutas?
Marc: Não sei onde eu quis chegar com essa piada, mas, é.
Fábia: Acho que nós dois precisamos de um novo senso de humor.
Marc: Enquanto estivermos contando piadas ruins um para o outro, acho que tá tudo certo.
"Enquanto tivermos um ao outro, tá tudo certo", foi o que Fábia quis dizer, porém, disse apenas a si mesma, e para Marc apenas sorriu.
